Brinquedos e Brincadeiras - Palavras Dom Aldo - Irmã Vera - Dra Zilda
Como Organizar e Acompanhar Brinquedos e Brincadeiras |
Por que brincar por Aldo di Cillo Pagotto, sss
A vida ganha sentido quando existe união na família. A vitalidade de uma família depende dos pequenos e grandes momentos em que todos estejam reunidos.
As crianças percebem nos adultos dois referenciais: o trabalho e a paz de um convívio alegre e harmonioso. Para a criança, o convívio alegre entre os pais e filhos corresponde à brincadeira. Ao receberem atenção e carinho dos adultos, se sentem profundamente amadas.
As crianças manuseiam brinquedos e juntas se integram umas com as outras. Elas trocam entre si os brinquedos, os emprestam mutuamente, como pequenos favores prestados de bom coração.
Por vezes elas se estranham, demonstram agressividade, mas logo estão de bem. Desde pequeninos, aflora a nossa necessidade de afeto e segurança.
As brincadeiras são fundamentais para o desenvolvimento das crianças. Eis porque a Pastoral da Criança criou a “Ação Brinquedos e Brincadeiras”.
O objetivo das atividades desta ação se estampa na sabedoria dos antigos, que afirmaram há séculos: “mente sadia num corpo sadio”. Com as brincadeiras se incentiva a competitividade e se favorece o convívio fraterno, desde a tenra idade.
Os pais são tocados, através das crianças contempladas na “Ação Brinquedos e Brincadeiras”. Há um retorno formativo aos pais, que passam a compreender a importância da atitude de estar com seus filhos e brincar com eles, acompanhando o seu desenvolvimento.
Essa integração entre os pais e os filhos deve superar o pouco espaço que as crianças têm para conviverem juntas, movimentar-se, brincar ao ar livre, tomar sol. Sobrariam às crianças poucas opções, ou somente programas televisivos, nem sempre recomendáveis. Por outro lado, mães e pais precisam trabalhar, permanecendo longos períodos ausentes de uma indispensável convivência. É um dilema da vida moderna que, no entanto, deve ser encarado com realismo e criatividade.
A Pastoral da Criança sente-se no dever de buscar junto às famílias novos caminhos interativos e formativos, contando com a graça de Deus, que jamais desampara os seus filhos e filhas.
+ Dom Aldo di Cillo Pagotto, sss
Arcebispo Metropolitano da Paraíba
Vale a pena ser criança! por Ir. Vera Lúcia Altoé
Tempo cheio de vida, de harmonia, de desabrochar, de não pensar no amanhã. Quem não se lembra de sua infância? Dos momentos em família, nos quais, apesar das dificuldades, tudo era vivido e resolvido na harmonia do lar. Brincar era o que mais nós queríamos. Estarmos juntos, jogar bola, petecas; brincar de roda, fazendinhas, cobra-cegas, de esconde – esconde. Era com esse espírito alegre e saudável que passávamos o nosso dia e aprendíamos brincando.
Hoje queremos com esse livro de Brinquedos e Brincadeiras resgatar algo que nos parece profundamente importante, que é o brincar. É brincando que a criança vai descobrindo como as coisas vão funcionando, o que pode e o que não pode ser feito, aprende também a conviver com os outros, os limites e que mesmo no brincar existem regras que devem ser obedecidas.
Sabemos que brincar é um ato espontâneo e prazeroso, assim como o comer e o dormir.
Independe de idade, classe social, ou econômica. Todos gostamos de participar, pois o adulto e a criança que trazemos dentro de nós, nos chama a brincar. Nesse brincar podemos descobrir e redescobrir muitas coisas, entendemos que podemos melhorar, que todo mundo pode e deve brincar, deve sorrir e saborear todos os momentos maravilhosos que Deus nos dá.
A família é o primeiro santuário, onde a vida é acolhida e respeitada, e as crianças são um sinal da presença de Deus; por isso é necessário cada vez mais criar um ambiente familiar que seja favorável ao desenvolvimento integral de nossas crianças.
Desejo que esse material renove em todos vocês, que organizam, capacitam e acompanham a ação brinquedos e brincadeiras, a vontade de levar a felicidade do brincar para todas as nossas crianças, e que ele possa nos animar a buscar um mundo mais alegre, com gostinho de brincadeira.
Abraços,
Ir. Vera Lúcia Altoé
Coordenadora Nacional da Pastoral da Criança
Palavra da Dra. Zilda por Dra. Zilda Arns Neumann
Querido multiplicador,
Querido capacitador.
Paz e Bem!
Gostaria de contar a você um pouco mais da história dos Brinquedos e Brincadeiras na Pastoral da Criança, para você sentir como é importante a sua missão de Fé e Vida para as comunidades pobres do país.
Desde a sua fundação, em 1983, a Pastoral da Criança tem como meta principal reduzir a mortalidade infantil e a desnutrição das crianças menores de 6 anos e das gestantes, em seu contexto familiar e comunitário. Entretanto, Dom Geraldo Majella Agnelo e eu, já tínhamos a consciência de que não bastava as crianças viverem e terem saúde, mesmo sendo na época a mortalidade infantil muito alta (82 por mil nascidos vivos) e a desnutrição entre as crianças e as gestantes atingir a mais da metade delas. Elas precisariam ser bem cuidadas desde a concepção, respeitadas, felizes, alegres, educadas na fé e no amor a Deus e ao próximo. Por esse motivo, a escolha do lema, que é a marca da Pastoral da Criança, foi inspirado no “para que todos tenham vida e vida em abundãncia”, Jo 10, 10.
Fiel ao lema escolhido, a Pastoral da Criança, começou em 1995 o ”Projeto Brinquedos e Brincadeiras”. Experimentamos criar Brinquedotecas em algumas comunidades muito pobres e escrevemos também materiais educativos especiais para ensinar às líderes a importância das brincadeiras para o desenvolvimento infantil. Neste projeto, os pais eram convidados a brincar junto com seus filhos, pois muitos deles haviam passado a infância quase sem brincar. Teriam eles que sentir esse efeito extraordinário em si próprios.
No entanto, percebemos que seria inviável ter voluntários trabalhando todos os dias nessas Brinquedotecas, e o apoio das autoridades locais era descontínuo e vulnerável a outros interesses. Após avaliação, seguindo a estratégia própria da Pastoral da Criança, que é optar pelo mais simples, barato, facilmente aplicável e que possa, gradualmente, beneficiar as crianças de todas as comunidades, no ano de 2002, foi decidido capacitar brinquedistas para atuarem em cada comunidade, desvinculando, a agora “Ação Brinquedos e Brincadeiras” da necessidade de uma estrutura de brinquedoteca.
Os brinquedistas têm como especial missão brincar com as crianças na comunidade e compartilhar com as famílias a importância dos brinquedos e das brincadeiras no desenvolvimento integral da criança. Outra missão do brinquedista é, junto com as líderes, zelar para que o capítulo II do Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA-, que diz – “do Direito à Liberdade, ao Respeito e à Dignidade – art. 16, inciso IV “Brincar, praticar esportes, divertir-se”, seja cumprido verdadeiramente. Para isso, é preciso lutar para que sejam cobrados das autoridades municipais, como parte das políticas públicas, que existam espaços para brincar nas comunidades pobres.
A você, capacitador, multiplicador e coordenador, que recebe este material, redigido por muitas mãos de pessoas experientes e sabias, desejo que ele lhe ajude a ter mil idéias de como organizar, implantar e acompanhar a “Ação Brinquedos e Brincadeiras”, para que possam ser mensageiros da importância do brincar para o desenvolvimento das crianças pobres acompanhadas. Elas são nossas estrelas, repletas de luz a iluminar o nosso planeta.
Agradecendo a Deus por sua dedicação, e pela alegria de poder ver, na prática, a Pastoral da Criança participando da construção de um mundo novo, mais justo e solidário, “para que todas as crianças possam crescer em sabedoria e graça diante de Deus e dos homens” (Lc 2, 40), lhe envio o meu carinhoso abraço. De quem está sempre ao seu lado,
Dra. Zilda Arns Neumann
Médica pediatra e sanitarista
Fundadora Pastoral da Criança
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