Dicas 39
Hortas caseiras
Muita gente nas áreas urbanas tem experiência e prática da agricultura e as hortas caseiras podem melhorar as condições de vida das famílias das comunidades.
O líder da Pastoral da Criança tem um papel muito importante de encontrar essas experiências, valorizá-las e divulgá-la para toda a comunidade. Ele pode fazer isso juntando as pessoas, convidando as que passam por situações de pobreza e incentivando a prática da agricultura urbana para ajudar a melhorar a segurança alimentar das famílias.
Além de melhorar a alimentação, o líder ajudará também a melhorar a auto-estima das famílias, mostrando que elas são capazes de fazer algo para mudar a sua situação. Essa prática também fortalece os laços de amizade entre as famílias e incentiva o convívio na comunidade.
A produção de alimentos cada vez mais se baseia na utilização de muitos produtos químicos e na monocultura afim de aumentar a produtividade. Baseado nesse padrão de plantio, hoje nos perguntamos como está a relação entre a saúde da família, a qualidade do alimento e o equilíbrio da natureza?
Dessa pergunta surgiu então a necessidade de resgatar a produção de alimentos que aproximasse o ser humano do alimento e da natureza, e que promovesse a proteção ambiental, ou seja, que oferecesse produtos mais saudáveis, sem resíduos químicos e que colaborassem com o equilíbrio ecológico. Essa é a idéia de fazer as hortas caseiras.
As hortas caseiras e em pequenos espaços vem mudando a vida de muitos líderes e famílias acompanhadas pela Pastoral da Criança. Alguns líderes da Pastoral da Criança perceberam a importância da agricultura na cidade e passaram a incentivar as famílias que acompanham a:
• Produzir verduras e legumes em pequenos quintais, usando adubos naturais e livres de agrotóxicos;
• Cultivar plantas medicinais em vasinhos, recipientes reaproveitados como latas de óleo de cozinha, garrafas plásticas (pet), etc. penduradas pelos muros, janelas e outros espaços do terreno ou da casa;
• Cuidar de um pé de abacate, acerola, mamão, manga, limão etc nas comunidades;
Que vantagens as hortas caseiras/de quintal têm mostrado?
• Colher alimentos, ao invés de acumular lixo nos quintais;
• Diminuir gastos com alimentos;
• Ter acesso a alimentos de qualidade;
• Aproveitar o lixo orgânico como adubo para as plantas;
• Melhorar a alimentação e a saúde;
• Valorizar o conhecimento de plantas medicinais;
• Embelezar a casa e a comunidade;
• Atrair pássaros;
• Melhorar o clima, refrescando o ambiente;
• Poder trocar experiências com nossos vizinhos, amigos e parentes;
• Trocar plantas com os vizinhos;
• Ensinar as crianças a plantar e a respeitar a natureza.
Incentivar as famílias a aproveitarem os seus espaços na cidade para plantar é um processo de aprendizado, paciência e dedicação. Certamente muitos líderes vieram da roça e têm experiências com plantações. É possível que muitos tenham plantas em seus quintais, e, podem apoiar o trabalho doando sementes e mudas,além de colaborar com as suas experiências de como plantar.
Como começar esse trabalho na comunidade?
• O líder pode observar atentamente a comunidade onde atua e identificar: – pessoas da comunidade com experiência de cultivar pequenas hortas. – entidades locais que se interessam por esse trabalho.
• Observar que alimentos ou temperos existem na comunidade (nas ruas, nas casas, nos terrenos, na igreja) como pé de frutas, hortelã, mastruz, dente de leão, taioba, salsinha, coentro etc.
• Observar que alimentos as famílias gostam mais e o que gostariam de plantar.
Que tal em um dia de Celebração da Vida, levar alguma mudinha e depois promover um debate com as famílias, perguntando a elas o que plantam, como plantam, o que as motiva a plantar, e aquelas que não plantam, por que não plantam... E, quem tem um alimento plantado em casa como por exemplo um pé de limão ou caju pode partilhar neste dia de celebração com a preparação de suco para as crianças. Com a leitura de textos, depoimentos de experiências locais ou fotografias, é possível motivar e levar o tema HORTAS CASEIRAS para a comunidade.
• Nas Visitas Domiciliares é que a conversa sobre o plantio nos quintais pode começar. É importante observar a situação dos quintais das famílias. Em muitos quintais encontramos objetos como restos de obras, bacias, vasos, ou lixo, amontoados no lugar onde poderia ter produção de alimentos. Muitos desses restos avaliados como sucatas podem ser utilizados como material para o plantio, principalmente quando se trata das áreas sem saneamento básico, onde a qualidade da terra está comprometida. O líder tem um papel muito importante de incentivar as famílias a fazerem uma “revolução” nos seus quintais, aproveitando até mesmo os mínimos espaços para cultivarem alimentos.
• Podem ser organizadas Rodas de Conversa, convidando as pessoas da comunidade, associações do bairro, escolas, as famílias acompanhadas pela Pastoral da Criança. Nestas reuniões, muitas coisas podem ser combinadas, tais como mutirões, trocas de sementes e mudas, além de planejar outras ações e compromissos de cada um. O importante é incorporar esse tipo de conversas junto às famílias.
• Uma outra sugestão são as Visitas de Intercâmbio que é um momento de trocar experiências pois a melhor forma de aprender sobre como plantar é com as pessoas que têm experiências no assunto.
Essas visitas também servem para a troca de mudas e sementes. As visitas de intercâmbio podem ser combinadas nas reuniões, na celebração da vida ou mesmo nas visitas domiciliares. O importante é formar um grupo interessado no assunto. Certamente vamos encontrar pessoas muito motivadas e que nos ajudarão nesse processo. As conversas sobre alimentação saudável servem de apoio, pois é importante deixar claro que o plantio em casa tem impacto na qualidade da alimentação e nutrição e em outros aspectos da vida das famílias, especialmente das crianças.
À medida que o trabalho se desenvolve e se amplia na comunidade, pastorais, pessoas e organizações comunitárias podem se incorporar e apoiar o trabalho. É fundamental contar com parcerias dentro das comunidades para implementar as ações. A Pastoral da Criança desenvolve uma iniciativa piloto no Vicariato Oeste do Rio de Janeiro, com a colaboração da AS-PTA (Assessoria e Serviços a Projetos em Agricultura Alternativa). Essa iniciativa já tem resultado em muitos frutos, ajudando a melhorar a vida de muitas famílias. Esse Dicas foi elaborado a partir dessa experiência.
Algumas observações
A experiência das líderes da Pastoral da Criança no Rio de Janeiro mostra que também aparecem dificuldades. Muitas vezes, as pessoas estão habituadas a ganhar tudo pronto. Há alguns casos de falta de recursos materiais, como cerca, sementes... Em outros casos, pode aparecer problema de roubo daquilo que é plantado ou a invasão de animais do vizinho que destrói a plantação. Outro problema que pode ser encontrado é a falta de motivação ou de conhecimento das famílias para plantarem.
É importante estarmos atentos a esses problemas e buscar identificar as suas causas. A experiência tem demonstrado que, com carinho, paciência e dedicação e buscando as soluções junto com as próprias famílias, muitos desses problemas são superados. A troca de experiências entre líderes que promovem esse tipo de trabalho também é muito importante para que um possa contar com o outro para superar as dificuldades
Para celebrar o compromisso de todos, pode-se fazer uma oração, um canto ou a leitura da Bíblia. Celebrando juntos, ganhamos mais força, sentimos que não estamos só e que Deus está entre nós!
No próximo Dicas aprenderemos como preparar uma pequena horta caseira
Márcio Mattos de Mendonça Sueli Conceição de Figueiredo AS-PTA (Assessoria e Serviços a Projetos em Agricultura Alternativa)
Katiuscia Francisco Sônia Beatriz Scharam Pastoral da Criança
DICAS é um informativo técnico dirigido às Equipes de Coordenação da Pastoral da Criança. Se tiver alguma sugestão de tema ou dúvida, escreva para: Coordenação Nacional da Pastoral da Criança Rua Jacarezinho, 1691 • Curitiba - PR • 80810-900 Fone: (41) 2105 0250 • Fax: (41) 2105-0201 • E-mail: pastcri@pastoraldacrianca.org.br