Campanha da "A Paz começa em casa" e para a Prevenção do Abuso Infantil

De Wiki Pastoral da Criança
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Com esta campanha, a Pastoral da Criança esclarece as famílias e a sociedade sobre a importância da prevenção da violência, espancamentos e abuso sexual. Esta campanha inclui a distribuição de folheto com os Dez Mandamentos para a Paz na Família, como um incentivo para manter as crianças em um ambiente de paz e harmonia.

A PAZ se constrói no dia-a-dia

Nos dias de hoje, a palavra "violência" é a que mais escutamos falar, seja na TV, no rádio, no jornal, nas conversas com os vizinhos e amigos, no trabalho. Mas não seria melhor falar de como podemos prevenir ou combater essa violência, em vez de ficarmos reforçando os motivos da sua existência?

A prática da Pastoral da Criança é falar de PAZ e mostrar que, mesmo com todas as dificuldades que nossas famílias enfrentam, viver em paz com os filhos, com o companheiro ou companheira não é tão difícil assim como a gente pensa. E é isso o que você, líder, faz quando visita as famílias, quando ajuda os pais a entenderem melhor o desenvolvimento das crianças e quando mostra a importância deles na educação dos filhos.

Para VIVER EM PAZ não existe uma fórmula mágica, assim como não existe uma fórmula mágica para criar os filhos. Mas existem algumas coisas simples, que podemos fazer no dia-a-dia com nossos filhos e companheiros que dão um belo empurrão para que exista harmonia e paz na família.

Os "10 Mandamentos para a Paz na Família", material que faz parte da campanha da Pastoral da Criança A PAZ COMEÇA EM CASA iniciada em 1999, já mostraram alguns caminhos muito importantes para alcançar a paz dentro de nossa família. Um aspecto que foi muito trabalhado, a partir da Campanha da Paz, foi a atitude que os pais devem ter com seus filhos para que eles possa, desde pequeninos, desenvolver uma boa auto-estima e levar um sentimento bom sobre si mesmo por toda sua vida.

Por isso, é muito importante que os pais cuidem com as palavras e frases que são ditas às crianças. Uma palavra ou uma frase dita de forma ofensiva ou humilhante pode prejudicar a auto-imagem da criança. Tome você mesmo como exemplo. Você se lembra das frases que seus pais lhe disseram na infância e que influenciaram negativamente? Aquelas frases que fizeram com que você se sentisse muito mal, um "zero à esquerda"? É possível que você lembre, e se lembrar ainda hoje é porque te marcou muito forte. E hoje, como pai ou mãe que é, quantas vezes você disse aos seus filhos aquelas mesmas coisas que tanto te fizeram mal?

A frase "Como é que você pode ser tão burro!", por exemplo, é bem comum e tem consequencias desastrosas para a criança. Essa frase põe em dúvida, de forma muito clara, os sentimentos de capacidade e de segurança da criança, afetando de forma negativa seu desenvolvimento psicológico e emocional. Ao duvidar da habilidade do filho, os pais passam para ele a sensação de incompetência. A criança vai incorporando essa "leitura" que os pais fazem dela e vai começar a achar mesmo que não presta para nada, que não consegue fazer as coisas direito e que é burra mesmo.

Veja um outro exemplo: A mãe entra na sala e vê o filho pequeno pendurado na janela. Ela já tinha falado muitas vezes para ele não subir na janela. Assustada e com medo que seu filho caia, ela corre, puxa a criança para dentro e lhe diz bem alto: "Eu já não te falei para não subir ai? Você não consegue aprender?"

Por ser pequena, a criança não tem senso de perigo. Então, melhor do que essa explosão que de nada vai adiantar, mesmo porque a criança ainda não está preparada para entender algumas coisas, seria melhor tornar a explicar para ela o perigo que está correndo ao subir na janela. Nesse caso, se a mãe contasse até dez, respirasse bem profundamente e dominasse o seu medo e nervosismo, poderia ter tirado a criança do perigo e ter dito: "Meu filho, janela não foi feita para subir".

Assim podemos colocar limites sem agredir e sem entrar na questão da capacidade da criança para julgar os perigos que podem correr. A criança ainda não tem essa habilidade e, ao dizer ou gritar frases infelizes como essas, poderemos estar destruindo o sentimento bom que ela tem de si mesma e que fará falta para o seu pleno desenvolvimento emocional e social.

Os limites da paciência

É importante transmitir amor e respeito, mesmo em momentos de tensão, conflito e desacordos. Humilhar, xingar e ofender criam um mal estar muito grande nas crianças e na nossa família em geral, além de dar lugar à tristeza, revolta e mágoa. Por isso, pai e mãe precisam desenvolver cada vez mais os limites da PACIÊNCIA e explicar, mesmo mais de mil vezes, até a criança um dia ter condições físicas e emocionais para entender.

Quando uma fase da criança está chegando ao seu fim, com certeza já começará outra que também exigirá dos pais novas habilidades a serem também desenvolvidas, tais como a compreensão, o diálogo, o perdão. Enfim, ser pai e ser mãe é um desafio e exige um aprendizado constante. E o mais bonito nessa história toda é que os pais aprendem muitas coisas sobre eles mesmos com os próprios filhos, no dia-a-dia.

Líder, converse sobre isso com as famílias que você acompanha e com outras pessoas da comunidade. Resgate com elas aquelas frases que nunca queriam ter ouvido de seus pais, mas que acabam repetindo para seus filhos. Converse com eles sobre as fases do desenvolvimento da criança, da importância do respeito e da paciência.

A paternidade é uma missão e uma grande responsabilidade na construção de uma sociedade mais humana e de um futuro sem violência.

A importância dos limites na educação da criança

Todos os pais têm o dever se cuidar e educar os seus filhos. Toda a criança tem o direito de receber cuidados e educação para que se desenvolva bem e se torne um adulto saudável. Mas o que mudou na maneira de educarmos nossos filhos?

Antigamente, a forma de educar era autoritária. Dizia-se que criança não sabia nada e que os adultos tinham que ensinar, corrigir, dar castigo e bater. Hoje, a forma de educar mudou; a criança é muito mais respeitada em sua individualidade e em suas necessidades.

Mas com essa mudança nas relações com a criança, muitos pais estão tendo sérias dificuldades para dar limites e saber quando dizer SIM ou quando dizer NÃO sem traumatizar e, ao mesmo tempo, com a preocupação de criar futuros cidadãos que consigam praticar o bem.

É importante para os pais acreditarem que dar limite aos filhos desde pequeno é ensiná-los a compreender que as outras pessoas também devem ser respeitadas. Para isso, é preciso que a criança entenda que pode fazer muitas coisas, mas nem tudo e nem sempre.

Dar limites é:

- ensinar para os filhos que os direitos são iguais para todos;

- ensinar que existem outras pessoas no mundo;

- dizer SIM sempre que possível e NÃO quando necessário;

- só dizer NÃO quando houver uma razão concreta;

- mostrar que muitas coisas podem ser feitas e outra não podem e explicar o porquê;

- ensinar a criança a aguentar pequenas frustrações do dia-a-dia para que, no futuro, possa superar seus problemas com mais equilíbrio e maturidade;

- desenvolver na criança a capacidade de adiar a satisfação - se não ser para comprar hoje, amanha quem sabe vai dar;

- saber diferenciar o que é uma necessidade da criança d que é apenas um desejo;

- ensinar que cada direito corresponde a um dever e que cada dever pode corresponder a um lazer;

- dar o exemplo - quem quer ter filhos que respeitem as leis e os homens tem de viver seu dia-a-dia dentro desses mesmos princípios.

Dar limites não é:

- bater nos filhos para que eles se comportem - quando se fala em limites muitas pessoas pensam que isso significa dar umas palmadas, bater ou até espancar. Isso só ensina a criança a ter medo, mas ela nada aprende; pior ainda, no futuro, pode vir a fazer a mesma coisa com seus próprios filhos;

- fazer só o que nós, pais ou mães, queremos ou estamos com vontade de fazer, sem ceder nunca;

- ser autoritário, dar ordens e impor a lei do mais forte através de ameaças e da força física;

- gritar com as crianças para ser atendido.

Por que não bater?

- é uma forma "deseducativa" de educar. A criança aprende que a força é o último recurso para solucionar discussões e conflitos e isso não é correto;

- bater nada tem a ver com dar limites. Quem bate dá uma verdadeira aula de falta de limites próprios e até de covardia;

- existem muitas formas mais eficientes e humanas do que a agressão física para manter a disciplina; elas trazem mensagens mais positivas para o futuro cidadão;

- com o tempo, a famosa "palmadinha leve no bumbum", que tanta gente acha inofensiva, pode deixar de causar efeito e acabar se transformando em palmadas cada vez mais fortes e, ao final, em verdadeiras surras;

- mesmo obedecendo, a criança não aprende verdadeiramente, apenas deixa de fazer certas coisas por medo de apanhar;

- depois, quando os pais se acalmam, sentem-se culpados e tendem a afrouxar nos próximos limites, e aí começa tudo de novo.

Mas como disciplinar sem bater?

- premiando ou recompensando o bom comportamento do filho e não só ralhando quando fazem algo errado. Quando a criança recebe estímulos, fica com a sensação de que vale a pena fazer as coisas da maneira certa;

- entendendo que premiar não é só dar "coisas materiais". Para a criança, por mais consumista que seja a nossa sociedade, mais vale um carinho, um olhar afetuoso e um elogio sincero do que presentes, dinheiro, passeios;

- fazendo com que a criança assuma as consequencias dos seus atos: com a mesma naturalidade com que elogiamos e premiamos nossos filhos, devemos conversar com eles quando eles erram, explicando e fazendo com que reflitam sobre as atitudes incorretas;

- tendo o cuidado de nunca rotular a criança, relacionando uma atitude errada dela a seu jeito de ser, para que ela não se sinta humilhada e derrotada. Dizer, por exemplo: "Meu filho, não é correto pegar o que não é seu sem antes pedir ao dono" e não "Você é desonesto, egoísta e quer tudo para você".

Líder, você pode ajudar

Ninguém veio ao mundo sabendo o que é certo ou errado. Somos nós, pais, mães, familiares e amigos que temos essa tarefa fundamental de passar para nossos filhos o que é certo e o que é errado, sem desrespeitar e agredir. Assim, eles poderão crescer mais seguros rumo à felicidade. Ensinar tudo isso não é tarefa fácil. Mas vimos que, com calma e paciência, poderemos criar um ambiente de paz e amor ao nosso redor.

Líder, você pode ajudar ainda mais as famílias que acompanha a educar suas crianças para a paz. Discuta esse assunto nas visitas domiciliares, no dia da Celebração da Vida, nas Pequenas Rodas de Conversa, nas reuniões mensais de Reflexão e Avaliação das FABS ou em qualquer momento de reunião na comunidade.