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A MISSÃO NA PASTORAL DA CRIANÇA

Introdução

A missão da Pastoral da Criança, como nos afirma o Guia do Líder, é evangelizar. Procuraremos analisar o conteúdo da palavra “missão” e, em seguida, tentaremos aprofundar o que é “evangelizar”.

A palavra “missão” vem do verbo latino “mittere” que quer dizer “enviar”. “Evangelizar” tem sua raiz na palavra “evangelho”, que significa “Boa Notícia”. Pensemos, pois, antes de mais nada no conteúdo da “Missão”.

I – A missão e a vida.

1.- A Santíssima Trindade é a melhor comunidade.

Para entendermos a nossa missão, iniciemos nossa reflexão a partir do mistério trinitário.

A Santíssima Trindade é uma comunidade de pessoas que se relacionam. O Pai eternamente gera o Filho, que é gerado eternamente pelo Pai. Um está para o outro. Não se explica o Pai sem este seu relacionamento com o Filho. O Espírito Santo é o amor eterno que une o Pai ao Filho e o Filho ao Pai, é a união e a comunhão entre o Pai e o Filho e entre o Filho e o Pai. Há uma inter-relação, uma “pericórese” entre as três pessoas. A Trindade permite a inclusão e a comunhão.

Esta comunidade de pessoas é um só Deus. É uma perfeita comunidade de amor. Desde toda a eternidade co-existem, sempre juntos, Pai, Filho e Espírito Santo. Ninguém é antes, nem depois, ninguém é superior ou inferior. Eles são igualmente eternos, infinitos e misericordiosos. Eles formam a comunidade eterna. Quando dizemos comunidade, enfatizamos as relações recíprocas, diretas e totais que vigoram entre as pessoas. Cada uma das pessoas se volta totalmente para as outras. A Trindade é o modelo de toda e qualquer comunidade: respeitando cada individualidade surge, pela comunhão e pela mútua entrega, a comunidade. A Santíssima Trindade é a melhor comunidade.

Nesta comunidade trinitária, Pai, Filho e Espírito Santo são Viventes eternos se auto-realizando na medida em que se auto-entregam uns aos outros. A característica fundamental de cada Pessoa divina é ser para a outra, pela outra, com a outra e na outra. Assim como alguém somente é feliz fazendo os outros felizes, de forma semelhante com a vida trinitária. Cada Pessoa, na Trindade Santa, vive na medida em que dá a vida às outras e recebe a vida das outras. A Santíssima Trindade não é só o Pai frente a frente com o Filho, mas inclui o Espírito Santo para expressar a plenitude da vida para além da contemplação mútua. A vida constitui, pois, a essência de Deus. E a vida é comunhão dada e recebida. E a comunhão é a Trindade.

O Santo Padre João Paulo exprime toda esta beleza numa frase: ”Já se disse, de forma bela e profunda, que nosso Deus em seu mistério mais íntimo não é uma solidão, mas uma família. Pois leva em si mesmo a paternidade, a filiação e a essência da família que é o amor. Este amor, na família divina, é o Espírito Santo” (João Paulo II, em Puebla, na Assembléia do CELAM, em 28 de janeiro de 1.979)

2.- A Santíssima Trindade se revela na criação do homem.

Quando Deus cria os homens, o faz dentro desta mesma perspectiva de si mesmo. Poderíamos dizer numa linguagem humana: só poderia criá-lo se fixando neste mesmo modelo de comunidade de pessoas. E assim cria a humanidade à sua imagem e semelhança. “Façamos o homem à nossa imagem e semelhança” (Gen. 1,26) Deus cria o homem como comunidade de pessoas, com um projeto de serem felizes na fraternidade. Para significar esta felicidade Deus o coloca num jardim, um lugar agradável, um lugar digno manifestando que a dignidade do homem, como pessoa, deveria ser atendida: “Javé Deus plantou um jardim em Éden, no Oriente, e aí colocou o homem que havia modelado” (Gen. 2, 8)

Neste momento, Deus faz ao homem a sua proposta: “Javé Deus fez brotar do solo todas as espécies de árvores formosas de ver e boas de comer. Além disso, colocou a árvore da vida no meio do jardim e também a árvore do conhecimento do bem e do mal.” (Gen. 2, 9 – 10) “Javé Deus tomou o homem e o colocou no jardim do Éden, para que o cultivasse e guardasse. E Javé Deus ordenou ao homem: “Você pode comer de todas as árvores do jardim (inclusive da árvore da vida, acrescentamos nós). Mas não pode comer da árvore do conhecimento do bem e do mal, porque no dia em dela comer, com certeza você morrerá.” (Gen. 2, 15 – 17)

A Sabedoria e a Lei de Deus se identificam no primeiro Testamento e ambas são simbolizadas pela árvore. Quem encontrava a Sabedoria encontrava a vida. “Quem me encontra, (refere-se à Sabedoria) encontra a vida e goza do favor de Javé.” (Prov. 8, 35) A Sabedoria é comparada à árvore da vida: “Ela é a árvore de vida para os que a adquirem e são felizes aqueles que a conservam.” (Prov. 3, 18) A expressão mais perfeita da Sabedoria encontra-se na Lei de Deus, que, sendo seguida pelo homem, este encontrará a vida: “Jamais vou esquecer os teus preceitos, pois é com eles que tu me fazes viver” (Sl. 119, 93) Por isso o justo “é como árvore plantada junto da água corrente: dá fruto no tempo devido e suas folhas nunca murcham” Sl. 1, 3.

Assim o conhecimento do bem e do mal só podia ser obtido pela conquista da Sabedoria, isto é, pela observância da Lei de Deus. Disso dependia e opção livre entre a vida e a morte.

Assim, no jardim do Éden, o homem está diante de duas alternativas: ou escolhe conquistar a Sabedoria, observando a Lei de Deus e encontrar em Deus a vida, ou escolhe ser deus para si mesmo, determinando, por si mesmo, o bem e o mal, separando-se de Deus e encontrando a morte. É este o sentido da ordem de Deus de comer de todas as árvores, inclusive da árvore da vida e de não comer da árvore do conhecimento do bem e do mal.

A vida, na Bíblia, aparece como um todo: vida física, intelectual e espiritual. Deus é o Vivente por excelência. Ele é a fonte da vida. Portanto, tendo vida, o homem se torna semelhante a ele. E na Bíblia, a vida é, por essência, a felicidade.

Este era, pois, o projeto de Deus que não foi aceito pelo homem: que escolhesse a vida e vivesse de acordo com os preceitos de Deus, numa verdadeira felicidade junto com os outros homens, construindo uma comunidade semelhante à comunidade trinitária. Mas ele preferiu voltar-se para si mesmo e contrariar o projeto de Deus.

3.- Deus inicia a reconstrução de seu projeto.

Mas Deus continua a se manifestar no meio dos homens para a realização de seu projeto e conduz um verdadeiro processo pedagógico de restauração de uma humanidade fraterna. Este processo é uma caminhada e podemos ver na Bíblia vários momentos em que se fala do caminho que a humanidade deveria realizar.

Antes de mais nada é escolhido um povo para restaurar este projeto. “Javé disse a Abrão: Saia de tua terra, do meio de seus parentes e da casa de seu pai e vá para a terra que Eu lhe mostrarei” (Gen. 12,1)

Libertos da opressão do Egito, Javé caminhava com seu povo. “Quando o Faraó deixou o povo partir, Deus não o guiou pelo caminho da Palestina, que é o mais curto, porque Deus achou que, diante dos ataques, o povo se arrependeria e voltaria para o Egito. Então Deus fez o povo dar uma volta pelo deserto até o mar vermelho... Javé ia na frente deles... para guiá-los” (Gen.13, 17-18.21) O povo deveria chegar à terra onde correria leite e mel, onde haveria vida em abundância e se organizaria em comunidade.

Mas, no caminho para esta terra, Javé lhe faz a mesma proposta do Gênesis: a escolha entre a vida e a morte, entre o Deus da liberdade e da vida ou os ídolos que produzem a escravidão e a morte. (Deut. 30, 15 – 20)

Depois de estabelecidos em sua terra e organizados, o povo vai se estruturando e a presença de Javé, no Templo, torna-se o centro da vida que se espalha por toda a terra habitada pelo seu povo a fim de transformá-la em um paraíso. (Ez. 47, 1.9.12) Quando o homem se compromete com o projeto da vida, não só os bens naturais se multiplicam para serem repartidos entre todos, mas também o povo se revitaliza, vivendo uma vida de fraternidade.

João vai retomar esta passagem, no livro do Apocalipse, para mostrar que a história tende para a realização plena da vida de Deus, repartida entre todos os homens. (Apoc. 22, 1 – 5) Observe-se que todas as pessoas devem ter acesso à vida plena (árvore da vida que dá fruto para sempre) e aí a terra será o nosso paraíso.

Mas como seria esta vida em plenitude? Isaias a descreve como uma nova criação, um mundo novo que coincida com o projeto de Deus. Ler Is.65, 17 – 25.

E mais uma vez, o livro do Apocalipse vai voltar a este mesmo tema. Podemos consultar Apoc. 21, 1 – 7.

4.- O Pai enviou seu Filho.

Mas “quando chegou a plenitude do tempo, Deus enviou o seu Filho”. (Gal. 4,4) exatamente para reconstruir o projeto de fraternidade entre os homens e de uma vida digna para ele. Continua São Paulo: “Ele nasceu de uma mulher para resgatar aqueles que estavam submetidos à Lei, a fim de que fôssemos adotados como filhos (Gal. 4,5)

Esta caminhada que vinha sendo realizada pelo povo de Deus continuou com Jesus, o enviado do Pai, poderíamos dizer o “missionário do Pai”, aquele que tinha a missão de reconstruir o projeto de Deus. “Eu sou o caminho, a verdade e a vida” (Jo. 14,6)

Se ele era o caminho, as pessoas que o aceitassem, deveriam passar por ele. “Eu sou a porta. Quem entra por mim será salvo. Entrará e sairá e encontrará pastagem.” (alimento para viver) (Jo. 10, 9) E Jesus podia acrescentar: “Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância” (Jo. 10, 10)

A missão de Jesus é restaurar o projeto do Gênesis que descreve o paraíso onde havia árvores frutíferas, no meio das quais estava a árvore da vida. Mas, para que pudéssemos ter vida em abundância, “o bom pastor dá a vida por suas ovelhas.” (Jo. 10, 11)

Realmente o ato supremo de Jesus foi a sua morte seguida de sua ressurreição. Com sua morte assumiu toda a negação da vida por parte da humanidade e prenunciou a vida nova pela sua ressurreição. Por isso, “no lugar onde Jesus fora crucificado, havia um jardim, onde estava um túmulo, em que ninguém ainda tinha sido sepultado.” (Jo. 19, 41

Com a sua ressurreição, Jesus restabeleceu o projeto original de Deus de uma vida plena para a humanidade, vencendo definitivamente a morte. Os que o aceitam não têm mais o direito de fazer a opção pela vida ou pela morte. Esta foi vencida. Somente podem optar pela vida.

Os discípulos não entenderam logo a profundidade da missão de Jesus. Neste sentido, podemos ler Lc. 24, 13 – 35 para percebermos como Jesus faz estes dois discípulos enxergarem a realidade do que estava acontecendo, refletindo, com eles à luz das Escrituras estes fatos, transformando o seu desânimo em um entusiasmo muito grande para anunciarem aos irmãos o que realmente estava acontecendo.

Jesus é o enviado pelo Pai para realizar a missão de trazer a vida plena a todos os homens e, neste sentido, envia os seus discípulos para que o mundo aceite esta sua proposta. “Ide, pois, fazei discípulos meus todos os povos”. (Mt. 28,19)

II.- Características da missão

1.- A missão, pois, não é um empreendimento individual e solitário. A fonte e o fim da missão é o mistério trinitário, que é comunhão de pessoas. Na Trindade devemos nos espelhar para construir um mundo segundo o coração de Deus. E o que queremos, na construção deste mundo, é exatamente fazê-lo conforme o projeto de Deus de uma vida digna e na fraternidade.

2.- Por outro lado, a missão é de todos os que aceitam o projeto de Deus, é de toda a Igreja. “A Igreja peregrina é, por sua natureza, missionária. Pois ela se origina da missão do Filho e da missão do Espírito Santo, segundo o desígnio de Deus Pai” (Ad Gentes nº 2)

A nossa missão nasce, pois, da contemplação de Deus que tem um projeto de vida digna para todos, de uma vida de fraternidade entre todos e se abastece da indignação diante da não-vida, da miséria e da exclusão.

3.- É interessante notar que, em última análise, a missão é uma ação de Deus no mundo. Ele é o protagonista da missão. Esta missão se revela como um projeto de Deus na história humana. A Igreja continua o caminho missionário, mas não se substitui a Deus. Somente Ele é a fonte, o método e o fim da missão. A iniciativa de Deus antecipa, acompanha e leva a termo a atividade missionária. “Quem é Apolo? Quem é Paulo? Apenas servidores, através dos quais vocês foram levados à fé; cada um deles agiu conforme os dons que o Senhor lhe concedeu. Eu plantei, Apolo regou, mas era Deus que fazia crescer. Assim aquele que planta não é nada e aquele que rega também não é nada: só Deus é que conta, pois é Ele que faz crescer.” (1ª Cor. 3, 5-7)

4.- Na perspectiva do mistério trinitário, a quem realiza a missão, que é de Deus, cabe assumir a visão que o mesmo Deus tem com relação à realidade e à história. Como Deus vê o mundo de hoje a partir de seu projeto de construção de fraternidade, de paz, realização de uma vida digna para seus filhos?

III - A missão na Pastoral da Criança.

A verdade é que somente podemos afirmar que a Pastoral da Criança tem uma missão pelo fato de esta ser um organismo de Igreja, pois a missão é de toda a Igreja. Por outro lado, o cumprimento desta missão nós só a fazemos em comunhão com as pessoas que também aceitaram a construção do Reino de Deus, construímos o Reino de Deus junto com os outros.

Por outro lado, a missão da Pastoral da Criança tem também como fonte e fim o mistério da Santíssima Trindade. E isto é lógico pois a missão é uma ação da Igreja. Portanto a Pastoral da Criança tem a mesma fonte e fim de sua missão.

Também a Santíssima Trindade é o fim de todo nosso trabalho: queremos realizar na sociedade este projeto de Deus. Como isto acontece? É o que vamos ver agora.

IV - A missão da Pastoral da Criança é evangelizar.

O Guia do Líder o diz: “A missão da Pastoral da Criança é evangelizar. Evangelizar é anunciar Jesus. É fazer o que Ele fez. Jesus anunciava o reino de Deus com sua presença transformadora, a esperança de um mundo mais humano e solidário e denunciava a injustiça e a exclusão na sociedade. É o que a Pastoral da Criança procura fazer: estar a serviço da vida e da esperança, da fé, do amor, da alegria e da paz”. (Guia do Líder da Pastoral da criança, pag. 13)

Da mesma forma como acima procuramos aprofundar o termo “missão”, agora vamos procurar analisar melhor a palavra “evangelizar”.

O Documento 61 da CNBB nº 7 nos afirma: “Evangelizar é fazer chegar a Boa Nova a todos. E a Boa Nova que Jesus anuncia é o Reino de Deus e a salvação para toda a humanidade”.

E o Papa Paulo VI, em sua Encíclica “Evangelii Nuntiandi”, de 08 de dezembro de 1.975, nos diz: “Evangelizar, para a Igreja, é levar a Boa Nova a todas as parcelas da humanidade, em qualquer meio e latitude e, pelo seu influxo, transformá-las a partir de dentro e tornar nova a própria humanidade: “Eis que faço novas todas as coisas” (Apoc. 21,5) (EN 18)

Está claro que a humanidade é composta de homens,. Por isso continua Paulo VI: “No entanto, não haverá humanidade nova, se não houver, em primeiro lugar, homens novos, pela novidade do Batismo (Rom. 6,4) e da vida segundo o evangelho (Ef. 4,23-24)

A Encíclica fala da mudança interior como finalidade da evangelização mas acentua também que esta deve procurar “converter ao mesmo tempo a consciência pessoal e coletiva dos homens, a atividade em que eles se aplicam e a vida e o meio concreto que lhes são próprios”. (EN 18)

Paulo VI explicita um pouco mais o seu pensamento ao afirmar que devemos “modificar, pela força do evangelho, os critérios de julgar, os valores que contam, as linhas de pensamento, as fontes inspiradoras e os modelos de vida da humanidade, que se apresentam em contraste com a Palavra de Deus e com o desígnio da salvação” (EN 19)

Neste momento, poderíamos anotar que a Pastoral da Criança evangeliza, quando no decurso de um processo educativo e partilha de conhecimentos, muda os valores e critérios de julgamento. Não conseguiremos evangelizar se não mudarmos os critérios de vida de nossas comunidades e os valores das famílias. Na prática, percebemos que, quando não há estas mudanças, torna-se ineficaz todo o nosso trabalho. Mas não nos esqueçamos que as famílias com as quais trabalhamos já possuem muitos valores evangélicos (de solidariedade, fraternidade, retidão, sinceridade, fidelidade à palavra dada). Precisamos fazê-los perceber que estes valores já são uma presença de Deus em sua vida.

Mas somente se consegue mudar os valores dos outros se nós também passarmos por este processo de mudança. Como o nosso Líder vai mudar os valores das famílias se ele mesmo não acredita no que faz e diz? Ele, em primeiro lugar, deve incorporar os valores e critérios de julgamento, na sua vida, antes de passá-los para as comunidades onde atua.

V - Como a Pastoral da criança evangeliza?

À semelhança da Santíssima Trindade que é uma Comunidade de Amor e de Vida, nós exercemos nossa missão de evangelizar nas comunidades. Por isso, o nosso Líder é alguém da comunidade para poder estar encarnado, como Jesus que se tornou um de nós. São pessoas da comunidade evangelizando a comunidade, mudando os valores das pessoas, partilhando seus conhecimentos, a fim de que as crianças tenham vida em abundância.

Para mudar os valores, nossos Líderes se utilizam do Guia do Líder que, em última análise, são orientações para que as crianças se desenvolvam de maneira integral, como pessoas humanas, e desta forma, tenham vida em abundância.

Assim, já na gestação, ajudamos a gestante a mudar seus valores e aceitar sua gravidez para que as crianças possam nascer (tenham vida), ter uma gestação com os cuidados que a nova vida requer, que tenha um parto digno e que a criança não só tenha vida mas a tenha em abundância, já no seu nascimento. Assim, cuidamos que suas vacinas estejam em dia e que possa se alimentar bem, que ela esteja sendo acompanhada no pré-natal, a fim de que suas condições físicas sejam satisfatórias para preparar a nova vida que está em seu útero.

Também a acompanhamos com os “Laços de Amor” para que ela perceba a beleza e a profundidade do mistério que se realiza em seu ser, na preparação da vinda do bebê ao mundo.

Acompanhamos a nova vida que nasce e cuidamos para que a criança não só nasça (tenha vida) mas nasça de uma maneira digna (tenha vida em abundância).

Já nos seus primeiros dias de vida da criança, insistimos para que a mãe valorize a amamentação (muitas vezes mudando seus valores) para que a criança cresça sadia e se prepare para uma vida digna em abundância.

E assim vamos desenvolvendo, junto às famílias, as ações básicas de saúde, nutrição, educação e cidadania, mudando os valores das mesmas para que valorizem a vida de suas crianças, o seu desenvolvimento integral como pessoas humanas, a fim de que possam ir crescendo “em sabedoria, em estatura e graça, diante de Deus e dos homens (Lc. 2, 52), como Jesus, tendo oportunidades para ir conquistando o seu crescimento numa vida plena.

Para que o nosso trabalho possa levar a uma vida em abundância, a Pastoral da Criança, em toda a sua história, privilegiou a capacitação de nossos Líderes para que, em sua comunidade, sejam os portadores de uma vida em abundância para nossas crianças e suas famílias. Desta forma, todos partilhamos nosso saber: multiplicadores, capacitadores e Líderes. A formação contínua é uma exigência de nosso trabalho de evangelização, de socialização do saber e de levar vida plena às nossas crianças.

E para que o saber seja partilhado, mudando os valores, há necessidade de haver um suporte para que isto aconteça: são os vários níveis de coordenação. Os coordenadores atuam no sentido de se dar condições para que as crianças tenham vida em abundância. As nossas estruturas devem levar a que possamos cumprir, cada vez melhor, esta nossa missão.

Também os vários programas desenvolvidos pela Pastoral da Criança somente se justificam na medida em que contribuem para o cumprimento de sua missão: evangelizar, mudando os valores para que haja um modelo de sociedade segundo os critérios do evangelho proporcionando uma vida em abundância para nossas crianças e suas famílias.

Assim, através do programa de educação de jovens e adultos, temos condições especiais de mudar os valores e critérios de julgamento para construir um modelo diferente de sociedade, propiciando a estas pessoas que assumam a sua história como sujeitos das mesmas. Não só saibam ler as palavras, mas saibam ler o mundo, segundo os critérios de Deus.

Nossos articuladores junto aos Conselhos de Saúde têm um papel relevante não só na análise das causas das mortes de crianças ocorridas nos municípios, mas sobretudo, colaborem com estes mesmos Conselhos a fim de que estes realizem programas preventivos de saúde para que estas mortes não aconteçam e, assim, as crianças possam nascer (tenham vida) e possam se desenvolver (vida plena).

Nossos comunicadores atuam para que a boa notícia da vida possa chegar aos nossos Líderes e assim, estes, cada vez em maior número, possam estar sempre animados em seu trabalho, não esmorecendo diante das dificuldades e obstáculos inerentes aos mesmos.

As preocupações da Pastoral da Criança por uma vida digna chegam até os excluídos dos excluídos que moram em municípios que chamamos de risco pois, nestes a vida é mais indigna de serem humanos criados por Deus à sua imagem e semelhança. Nestes municípios também queremos que o Reino de Deus seja implantado, que as condições de vida sejam dignas de pessoas, filhas de Deus. Por isso há todo um esforço para um trabalho sério nestes lugares. A opção da Pastoral da Criança pelos excluídos se concretiza, de maneira prática, em termos fixado, como meta, para os próximos três anos, acompanhar pelo menos 50% das crianças pobres de nossos municípios.

Todo este trabalho de evangelização faz com que de fato possa haver justiça em todos estes lugares nos quais a atuação da Pastoral da Criança se torna presente. E esta luta pela justiça nós podemos celebrá-la através da celebração da vida, momento em que nos reunimos para fazer memória das lutas de nossa caminhada para que as crianças tenham vida plena. Aliás, na caminhada do povo de Deus, na bíblia, a celebração era uma reunião do povo para comemorar os fatos da vida e conservar a lembrança dos acontecimentos que marcaram a sua caminhada. “Ainda que vocês me ofereçam sacrifícios, suas ofertas não me agradarão, nem olharei para as oferendas gordas. Eu quero, isto sim, é ver brotar o direito como água e correr a justiça como riacho que não seca” (Amós 5, 22.24) Esta celebração da vida se enriquece com o programa de brinquedos e brincadeiras, no qual o brinquedista propicia aos pais a oportunidade de perceber o brincar com as crianças como uma educação de valores de partilha, respeito e corresponsabilidade grupal.

Os programas de geração de renda e ajuda mútua, brinquedotecas comunitárias, saúde mental e bucal e segurança alimentar levam também às nossas comunidades vida plena colaborando para que a vida das pessoas com as quais a Pastoral da Criança trabalha tenha uma qualidade digna de Deus, conforme seu projeto original.

Por último, os suportes técnico, administrativo e financeiro, necessários para o desenvolvimento de nossas ações e programas se inserem também neste contexto, pois, se justificam na medida em que colaboram para o nosso bom desempenho para que a qualidade de vida das comunidades seja digna de Deus, organizando a nossa caminhada e nosso processo educativo, propiciando a que a Pastoral da Criança tenha uma boa qualidade de atuação junto às comunidades acompanhadas, ajudando a que estas possam se desenvolver e construir o projeto de Deus: uma sociedade fraterna, justa, feliz e com vida plena e, assim, anunciar a Boa Notícia de um mundo novo, segundo o coração de Deus.

“Aquilo que existia desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com nossos olhos, o que contemplamos e o que nossas mãos apalparam: - falamos da Palavra, que é Vida. Porque a Vida se manifestou, nós a vimos, dela damos testemunho, e lhes anunciamos a Vida Eterna. Ela estava voltada para o Pai e se manifestou a nós. Isso que vimos e ouvimos, nós agora o anunciamos a vocês, para que vocês estejam em comunhão conosco. E a nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho Jesus Cristo. Essas coisas, escrevemos para vocês, a fim de que a nossa alegria seja completa” (1ª Carta de São João, 1, 1 – 4) Waldemar Caldin – Membro do Conselho Diretor da Pastoral da Criança