Uma História de Hanseníase
Pg 17 | Uma História de Hanseníase |
Garota enfrenta doença com coragem
Adolescente conta com o apoio da família para fazer o tratamento contra a hanseníase
A adolescente J. P., 14 anos, pouco conhecia sobre a hanseníase. As pequenas manchas brancas na pele, que a princípio surgiram nas pernas, a levaram a procurar o posto de saúde de Piçarras, município onde vivia com a família, um ano atrás, quando o diagnóstico médico confirmou a existência do bacilo Mycobacterium Leprae. "Eu, no início, não queria acreditar que tinha a doença, mesmo porque desconhecia a existência de casos como o meu", conta, enquanto aguarda pela assistência numa sala da Unidade Sanitária de Joinville, local que procura mensalmente para fazer a avaliação médica, receber a dose do medicamento e retirar os outros comprimidos que integram o tratamento.
A adolescente fala da hanseníase com alguma naturalidade e lembra que, ao ter certeza sobre o diagnóstico, abriu o jogo para os colegas de escola. "Mas, ao menos no início, nem todos compreenderam e senti um certo preconceito, medo de contrair a doença", recorda. O preconceito não foi menor entre os adultos. J., que passou a viver na casa de um tio, em Joinville, seis meses depois de iniciar o tratamento em Itajaí, soube que várias pessoas deixaram de freqüentar a residência porque também tinham medo do contágio. Mas sua família encarou o problema, procurou informações e apoiou a garota. Mas nem sempre é assim. Alguns doentes sofrem com o afastamento até mesmo de familiares.
"Reconheço que tive a sorte de contar com o apoio de meus familiares. Eles, na verdade, é que incentivaram a continuar o tratamento", observa.
Hoje, praticamente curada, a adolescente não sente mais vergonha de usar roupas curtas, onde as lesões nas pernas, braços, costas, que ainda persistem, ficam expostas. "Não tenho do que ter vergonha", diz, em tom confiante, a garota que está prestes a receber alta médica.
Fonte: Rosane Felthaus, http://an.uol.com.br/2003/out/19/0cid.htm