Mudança de época X Época de mudanças Mudaremos nosso discurso e nossas práticas? O exemplo do software livre

De Wiki Pastoral da Criança
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Recentemente, em reunião de Equipes de Reflexão e Apoio do Departamento de Justiça e Solidariedade do Conselho Episcopal Latino Americano (CELAM)(1), descreveu-se que entre as causas principais da miséria “encontramos um processo de concentração da riqueza em poucas mãos, uma importante expatriação dos lucros das empresas transnacionais, uma injusta distribuição de riqueza no interior de nossos próprios países” e ainda “é necessário observar a degradação severa do solo e da água”(2).

A incoerência entre nosso discurso e prática na questão do uso da informática era espantosa: entre as dezenas de pessoas que usavam computador, incluindo os do próprio CELAM, somente uma usava software livre. Ou seja, todas as demais estavam contribuindo com a concentração de riqueza em Bill Gates, segundo homem mais rico do mundo, com a expatriação de recursos através da transnacional Microsoft, com a impossibilidade de repartir seus programas com os mais pobres e ainda degradando o meio ambiente ao necessitar de novas máquinas, cada vez mais potentes, para conseguir rodar o sistema operacional Windows. Isso sem contar nos riscos que correm com seus dados pessoais e pastorais ao usar um sistema inseguro.

Diante disso, fica a pergunta: que credibilidade temos ao denunciar o que nós mesmos sustentamos?

Diante disso, tomo a liberdade de propor algumas linhas de ação para retomar nossa coerência:

Uso do sistema operacional livre “Ubuntu”, uma distribuição Linux baseada em Debian, em netbooks, notebooks, computadores de mesa

Basta colocar o CD de instalação e fazer a experiência de uso sem sequer instalá-lo. Foi muito curioso esse processo com um notebook acer: com o windows instalado, já não funcionava o mouse pad nem rede sem fio. Com o simples uso sem instalação do Ubuntu, esses dois recursos passaram a funcionar automaticamente uma vez que cessaram os conflitos de drives do Windows.

O mais impressionante foi acessar todos os diretórios do Windows, mesmo aqueles que, no Windows, só o administrador poderia entrar usando senha. Ou seja, seus dados não protegidos no Windows.

Outra vantagem: para quem usa modem de celular, não há necessidade de instalar programas para que o computador o reconheça. Basta selecionar o país e a operadora para que o acesso a internet seja estabelecido.

No caso de uso de algum raro programa em que ainda não há equivalente no mundo livre, sugerimos manter os dois sistemas na máquina. Há muitas formas de realizar isso, seja através de máquina virtual ou de dual boot. Este último é uma das opções padrão de instalação do Ubuntu.

Caso opte por comprar um novo equipamento que já tem Windows instalado, há possibilidade de “devolver” este programa e obter o reembolso3 de R$ 229,00 no caso de um Windows XP Home Edition.

Passar a usar o Linux nas aplicações de base

  1. Internet: Temos obtido resultados bastante interessantes com o conjunto (S.O. Debian, Joomla ...)
  2. Sistema de Informação: Todo Sistema de Informações da Pastoral da Criança é baseado em software livre e desenvolvido pela equipe de funcionários da própria instituição.

Destaco a questão do geoprocessamento:

  • ao invés de desenvolvermos a partir do zero, buscou-se nos repositórios mundiais de softwares livres as aplicações já desenvolvidas que poderiam ser de interesse para nosso projeto;
    • selecionou-se 3 delas, sendo que uma delas trazia vantagens sobre as demais;
    • adaptou-se esta aplicação à necessidade da Pastoral da Criança;
  • vantagens:
    • tempo de desenvolvimento muito menor;
    • programas já testados em nível mundial;
    • sem custo;
  • onde está o ganho para quem fez o programa inicialmente:
    • é bastante comum “devolver” o programa ao repositório, voluntariamente, com as melhorias efetuadas, possibilitando que o primeiro desenvolvedor (e todos os demais) também se beneficiem da melhoria;
    • esse processo sucessivo de testagens e melhorias permite a evolução do sistema e sua integração com outros sistemas.

Uso de máquinas doadas ao invés de compra de novas:

Somente em 2011, a Pastoral da Criança ganhou 30 notebooks e mais de 70 computadores de mesa, em perfeito estado de funcionamento, com 3 a 4 anos de uso por não “rodarem” mais o Windows mais recente. Com a instalação do Ubuntu, esses computadores tornaram-se novamente eficientes em termos de velocidade e compatibilidade com os mais novos programas.

É fácil imaginar qual seria o impacto no meio ambiente se toda a Igreja pudesse evitar a troca de computadores em suas diversas paróquias e pastorais.

Isso sem considerar outros custos, como o de aquisição de softwares pagos e, principalmente, perda de tempo com atualizações diárias de antivírus, além do aspecto de segurança dos dados.

A Pastoral da Criança coloca-se a disposição, sempre em busca da Vida Plena para todas as crianças.

Atenciosamente,

Nelson e Aldiza


Anexo 1: Processo de uso de software livre pela Pastoral da Criança:

A Pastoral da Criança, antecipando aos problemas advindos do rápido avanço na informática, tomou uma decisão em 2001, no sentido de buscar junto aos grupos de software livre, alternativas para fazer frente a um sistema operacional e aplicativos, pagos, utilizáveis em escritório.

Para isto, a Pastoral da Criança buscou junto à Universidade Federal do Paraná, assessoria para esta nova empreitada. Esta assessoria se prolongou durante 18 meses. O fruto deste trabalho foi uma versão de Sistema Operacional instalável sem intervenção de usuário, em equipamentos cuja configuração atendia as necessidades básicas para nosso uso em todas as arquidioceses e dioceses do Brasil. Na ocasião, foram ministrados cursos de capacitação de nosso pessoal técnico para suporte às equipes de arquidioceses e dioceses, sobre desenvolvimento de aplicativos via internet, principalmente linguagem e banco de dados. Esses aplicativos estão sendo utilizados por nós até a presente data.

A Pastoral da Criança está consciente que não há “software de graça”, que tudo tem seu custo. Contudo, escolher uma plataforma que possa se adequar às nossas necessidades, que nos ajude a alcançar nossos objetivos, foi por demais importante. O Software Livre significa isto, termos acesso ao código fonte, sermos livres para fazermos as adaptações ou adequações necessárias para o atendimento às nossas necessidades, tanto na área administrativa de coordenação como nas bases. Não ficarmos nas limitações dos aplicativos pagos foi muito importante.

Esta atitude, na escolha de software livre, deveria ser de todas as instituições que prezam muito pela aplicação responsável dos escassos recursos financeiros, alocando-os para onde é mais necessário e fundamental.

Esta escolha facilitou a utilização para o desenvolvimento de aplicativos que, há tempo a Pastoral da Criança apenas imaginava em como isso facilitaria o planejamento dos trabalhos nas nossas bases se tivéssemos aplicativos que cruzassem os dados censitários do IBGE com o geoprocessamento. O desejo maior era de visualizar em um mapa a localização das famílias pobres de uma determinada paróquia ou de uma comunidade. Lembramos que todos estes dados estão disponíveis na internet gratuitamente.

Com a escolha do software livre podemos usar aplicativos desenvolvidos por diversos grupos especialistas em suas áreas e que disponibilizam estas aplicações, seus códigos fontes, na rede, e que nos possibilita o seu aproveitamento para o desenvolvimento do nosso Sistema de Informação que possamos gerar relatórios que dêem suporte ao planejamento gerencial nas nossas comunidades, paróquias, arquidioceses e dioceses.

Lembrar ainda que novas versões de Sistema Operacional (SO), proprietária, exige também novos equipamentos com mais recursos. O Sistema Operacional em software livre nos possibilita a reutilização de equipamentos antigos, evitando assim novos investimentos. Como é no caso da Pastoral da Criança que recebe doações de equipamentos que já não suportam Sistema Operacional pagos, mais recentes, e nós viabilizamos o uso deles com SO em software livre, como é o caso de sucesso mundial que é o “Ubuntu”, da linha Linux. Portanto as instituições com recursos financeiros limitados poderão fazer parte deste novo mercado que é o descarte de eletrônicos (computadores) ainda com boa capacidade de processamento e que será muita utilidade para as bases.

Enquanto, não nos preocuparmos em tomarmos atitudes para nos capacitarmos para uma mudança dos tempos, seremos vítimas de empresas que têm um lucro fácil, por sermos uma presa fácil. Eles nos entregam pacotes fechados, limitados, que geram altos ganhos às empresas proprietárias e limitam nossas ações por falta de informações e recursos financeiros. Com isso somos levados a consumir novos produtos que continuam a serem limitados, fechados e atendendo somente parte das necessidades dos usuários.

Atualmente, estamos numa era onde os aplicativos em software livre são tão bons quanto os aplicativos vendidos no mercado. Eles nos proporcionam ainda uma facilidade de uso, atualização constante, de forma livre, e em tempo menor, sem custos, do SO à aplicativos de escritório, sem contar que são livres de vírus.

Usuários não necessitam usar diretamente o SO. Eles são base entre o hardware (equipamento) e o aplicativo que usamos. Aliás, os aplicativos precisam do SO. Independente de qual seja o SO, a maioria das pessoas recorre a técnicos de informática para fazer configuração do SO. Os navegadores que a maioria usam já vem disponibilizado nos SO, com exceção do IE (Internet Explorer) que é proprietário e vem somente com o SO proprietário. Os aplicativos de escritórios têm suas diferenças por ordem de direitos autorais. Ninguém pode fazer um aplicativo igual ao outro, porém as funcionalidades equivalentes existem em todos eles. Isto é, fazem a mesma coisa, mas por caminho diferente.

Atualmente, a instalação do SO “Ubuntu”, é muito mais simples e intuitivo que a instalação de diversos outros existentes. Hoje, o reconhecimento do hardware é muito mais eficiente no “Ubuntu”. Ele o faz de forma automática, sem exigir os CDs da placa mãe, placa de vídeo, wifi (rede sem fio), etc., inclusive em notebooks.

Lembramos ainda que certas informações independem do SO já ele é uma parte de um todo. Portanto, as informações necessárias para as diversas funcionalidades deverão ser idênticas a todos os SO, apresentadas de forma diferente ou em local diferente. Exemplificando, o endereço de um site independe de SO ou navegador todos os navegadores precisam solicitar a mesma informação, pode ser em local diferente, mas a informação em si necessária não é alterada. Outro exemplo, para termos acesso ao “wifi” ou rede sem fio as informações necessárias são iguais para todos os SO, depende de nós acostumarmos com o desenho do aplicativo que faz a conexão à rede “wifi”. Não pedem nem mais e nem menos, assim por diante.


Anexo 2: Software Livre

Autor: José Antonio Boyd Cardoso Dez/2002

Definindo o que é Software Livre

O Software Livre tal como o conhecemos hoje foi idealizado por Richard Stallman, que em 1.984 criou a Free Software Fundation, o modelo de Software Livre, o conceito de CopyLeft e a licença que podemos chamar de "padrão" para o Software Livre, a GPL (General Public Licence - Licença Pública Geral).

O termo Software Livre refere-se a programas de computador que são distribuídos sem qualquer restrição de instalação, cópia, alteração ou redistribuição. Além disso, temos uma característica muito importante: o Código fonte do(s) programa(s) deve(m) estar disponível(eis) para qualquer pessoa que deseje ter acesso a ele.

É muito importante reforçar o significado de LIVRE como "LIBERDADE" e não como "de graça". Ou seja, quem produz um Software Livre legítimo pode cobrar para gravar a cópia em um CD, para imprimir um manual, dar suporte técnico ou fazer alguma alteração sob medida, porém deve disponibilizar o código fonte deste software em algum lugar, para que qualquer pessoa que deseje possa entendê-lo e modificá-lo a qualquer momento.

Como contra partida, quem usa um Software Livre normalmente é obrigado pela licença a também disponibilizar as suas alterações / implementações neste Software, de modo a realimentar o sistema, colaborando também para o aprimoramento do mesmo.

Mesmo o mais simples dos usuários pode colaborar com o desenvolvimento de um Software Livre, efetuando testes, dando sugestões, reportando erros para os autores, colaborando com traduções para outros idiomas ou criando documentação.

Todo este efeito de "realimentação", acaba por criar uma comunidade em torno do produto. Muitas destas comunidades são extremamente ativas e produtivas, produzindo Software de alta qualidade.

O maior exemplo de sucesso do Software Livre é o Sistema Operacional conhecido por Linux, que iremos analisar mais adiante.

O Software Livre, por sua própria característica inovadora e contestadora, também gera questões filosóficas e políticas. Mas você não precisa se preocupar com isso para utilizá-lo, porém, se você gosta deste tipo de discussão, este é sem dúvida um tema envolvente e apaixonante.

Diferenças entre Software Livre e Open Source

Existe muita confusão entre os termos "Software Livre" e "Open Source". Para a maioria das pessoas é tudo a mesma coisa, mas não é bem assim, os Softwares distribuídos como "Open Source", não seguem o padrão definido na GPL, e não obrigam quem se beneficia deles a liberar a parte de código alterada ou adicionada.

Como se pode imaginar existe muita discussão entre um lado e outro, e poderíamos pensar que isso atrapalharia o desenvolvimento, mas, questões filosóficas a parte, eles (Software Livre e Open Source) mais se ajudam que se atrapalham.

Exemplos de Software Open Source: Sendmail, Apache e FreeBSD

Vantagens de se usar Software Livre

  • Segurança - O código fonte está disponível e pode ser auditado quando e onde for necessário.
  • Estabilidade e Flexibilidade - A constante depuração a que são sujeitos os códigos livres permitem uma evolução bastante rápida e na maioria das vezes, bastante rigorosa. Como estes softwares são usados e testados em diversas combinações de hardware, por usuários e técnicos com diferentes necessidades, muitas características são implementadas e ajustes são feitos, tornando-os bastante robustos e viabilizando o seu uso nas mais variadas plataformas e configurações.
  • Escalabilidade - Portado para várias plataformas, pode ser executado desde computadores de mão até mainframes.
  • Garantia de continuidade - o código fonte está disponível e é dada a liberdade de se fazer o que quiser com ele. Por exemplo: Caso toda a equipe de voluntários responsável pelo desenvolvimento do Linux desaparecesse da noite para o dia, o Linux continuaria existindo, outros técnicos poderia simplesmente pegar o código, estudá-lo e continuar o desenvolvimento ou corrigir eventuais falhas. O que acontece quando um software proprietário é descontinuado ?
  • Liberdade - Você usa quando, como e onde quiser. Não existem licenças restritivas ou limitadoras. Não existe "pirataria", que aliás é um termo ofensivo, pois na melhor das suas interpretações quer dizer "ladrão".
  • Custo - Não existe o custo de licenças, as licenças não expiram. Muito se fala que o Software Livre tem um custo final maior que os softwares proprietários, pois exigem técnicos altamente especializados e demandam muito suporte. Isto pode ter sido verdade, talvez, a anos atrás, quando os Softwares Livres estavam em seu estágio inicial de evolução. Hoje isto não acontece, e, curiosamente, todas as "pesquisas" e "notícias" neste sentido são "patrocinadas" direta ou indiretamente por empresas produtoras de Software proprietário.

Uma visão do futuro do Software Livre

Muito se discute hoje sobre a questão "irá o Linux tomar o lugar do windows nos desktops ?". John Maddog, fundador da Linux International, (empresa que busca divulgar o Linux e o Software Livre em grandes corporações e instituições, bem como consolidar padrões abertos para a indústria), diz em suas palestras que isso não é o mais importante. O futuro do mercado parece apontar para os dispositivos de mão (handhelds) e também para os dispositivos com inteligência embarcada. Todos interligados através da grande rede. Portanto, em um futuro imediato, podemos nos preocupar com os desktops e suas aplicações, mas devemos estar atentos a evolução da internet e dos dispositivos "inteligentes". Neste mercado, o Software Livre tem se mostrado bastante promissor, pois é uma opção prática, segura e acima de tudo livre de restrições, podendo ser customizado e utilizado em uma imensa gama de projetos. É impressionante o número de projetos com Software Livre em andamento ao redor do mundo.

É também importante avaliar até que ponto o modelo hoje adotado pelos produtores de Software proprietário será viável no futuro. A verdade é que a grande maioria dos usuários não tem necessidade de novos recursos de software, isto, aliado ao fator custo, tem resultado em uma redução na venda de novas versões. Para contornar este "problema" surgido do seu próprio modelo de negócios, muitas empresas tentam forçar seus clientes a constantes atualizações de software, criando incompatibilidades com as novas versões, abandonando os produtos mais antigos e alterando o sistema de licenciamento.

Seria leviano afirmar que o Software Proprietário vai acabar, mas é certo que o Software Livre vai ocupar um espaço cada vez maior no mercado, e as empresas que saírem na frente, obviamente, estarão em vantagem.

Sites nacionais sobre Software Livre e Linux

Além dos endereços citados ao longo deste texto, muita informação sobre Software Livre e Linux está disponível, em português, na internet. Cada site dá prioridade para uma área, alguns são puramente técnicos, outros mais filosóficos. Existem também os especializados em uma área específica – segurança, por exemplo - e os informativos. Abaixo temos uma relação com os mais populares do momento.