Pastoral da Criança nas Comunidades Indígenas

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Pastoral da Criança nas Comunidades Indígenas

Relatório Anual 2013

As ações da Pastoral da Criança junto às populações indígenas aconteceram em 195 comunidades em 2012. Mensalmente foram acompanhadas 8.925 crianças, por 1.085 líderes indígenas e 450 voluntários de apoio. A estratégia de trabalho utilizada inclui o conhecimento da realidade nas aldeias, contatos com o Ministério da Saúde e organizações que acompanham os indígenas, como o Conselho Indigenista Missionário - CIMI, consentimento e apoio dos caciques, seus conselhos e da Fundação Nacional do Índio - FUNAI.

Nas capacitações dos líderes indígenas voluntários, que vivem nas próprias aldeias onde acompanham as crianças, são utilizadas as orientações do Guia do Líder, além de explicações e materiais de apoio, com linguagem adaptada à cultura de cada povo. No que se refere à segurança alimentar e nutricional, a Pastoral da Criança incentiva o uso dos alimentos naturais locais. Ela também apoia a valorização das práticas de saúde tradicionais, com a participação dos encarregados da saúde: pajés, curandeiros, parteiras.

Muitos problemas nas comunidades indígenas estão relacionados com a seca, a monocultura, a migração dos povos indígenas, o contágio por doenças, pouco acesso aos serviços de saúde e à educação, demora ou não legalização das terras, conflitos culturais e de identidade, alcoolismo, preconceito entre outros.

Saúde: Na média, tanto a Mortalidade Infantil (menos de 3 mortes para cada mil nascidos vivos) e desnutrição (3,4%) estão com percentuais que indicam controle nestes indicadores. Existem focos de desnutrição nas aldeias que coincidem com o abandono da amamentação exclusiva, que entre os índios ocorre normalmente a partir do primeiro ano; a baixa disponibilidade de alimentação adequada e água potável para a criança aumentam os índices de diarréia. A perda da cultura alimentar está relacionada principalmente com a base proteica vegetal, como batata doce, mandioca (macaxeira), abóbora, inhame, milho, feijão e frutas como mamão e banana, pescados e carnes. Outro fator é o alcoolismo que afeta chefes de família. Além disto, existe oferta de produtos, por meio de cestas básicas e do comércio, com alto teor de açúcar e carboidratos. “As alterações nos padrões alimentares e de atividade física têm provocado drásticas transformações na saúde indígena e levaram para as aldeias problemas como obesidade, hipertensão arterial e diabetes”. Esta foi a principal conclusão do 1º Inquérito Nacional de Saúde e Nutrição dos Povos Indígenas, maior estudo sobre a saúde dos povos indígenas já realizado no país, no período de 2008 e 2009.

Segurança alimentar em terras Indígenas

Existem focos de insegurança alimentar em dezenas de áreas indígenas. Ao longo dos últimos cinco anos, o fortalecimento de ações de segurança alimentar tem merecido especial atenção da Pastoral da Criança e do Conselho Nacional de Saúde – CNS, por meio da Comissão Intersetorial de Saúde Indígena - CISI. As recentes manifestações indígenas dos fóruns e conferências apontam para a necessidade de intensificar atividades intersetoriais de educação e promoção da saúde, como valorização das práticas de saúde tradicionais, alimentação saudável e de costume, saneamento básico e ambiental e fortalecimento da capacidade dos próprios índios de cuidar da saúde na sua comunidade.

O território da Saúde Indígena está organizado no país na forma de 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas – DSEIs. A gestão da Saúde Indígena, a partir de 2010, passou a ser feita diretamente pelo Ministério da Saúde/Secretaria Especial Saúde Indígena (SESAI). A meta é organizar cada Distrito Sanitário para que seja uma unidade de gestão direta e execução de recursos públicos. A autonomia dos Distritos possibilita mais capacidade de resolver os problemas, conforme a realidade de cada povo indígena.

Terra é saúde, saúde é terra. Os povos indígenas dependem do lugar no qual vivem para ter saúde. Destaco três desafios atuais para as populações indígenas: garantir a terra e as condições para produzir o próprio alimento, definir claramente como será a assistência e a atenção à saúde nas aldeias e impedir que alcool e drogas tome conta das comunidades indígenas.